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O Projeto Caminhos para a Autonomia

Me sentia vazia
Me sentia sozinha

Mas encontrei uma luz na escuridão
Um lugar para chamar de lar
Um lugar para sentir gratidão

Vocês me trouxeram alegria

Foram minha segunda família

Vocês sempre estarão no meu coração

Espero que eu também esteja nos seus.
Vocês me ensinaram uma grande lição.
Espero que isso não seja um adeus!”


(adolescente participante do Projeto Caminhos para a Autonomia)

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É uma missão desafiadora resumir em poucas palavras o trabalho realizado pelo Projeto Caminhos para a Autonomia, desenvolvido pela Fundação Projeto Travessia. Isso porque a iniciativa teve como principal objetivo promover o preparo de adolescentes, entre 15 e 18 anos, para que fossem desabrigados(as) de forma segura e qualificada, ou seja, aptos(as) à travessia para a vida em família e comunidade com autonomia.
 

Realizado de setembro de 2021 a agosto de 2023, foi inicialmente apresentado à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e, posteriormente, aos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de cinco regiões da cidade de São Paulo – Pinheiros, Butantã, Pirituba, Itaim Paulista e Vila Prudente – para serem interlocutores junto aos Serviços de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (SAICAs) e às Casas Lares das regiões. O Projeto Caminhos para a Autonomia se propôs a atender diretamente 30 adolescentes, entre 15 e 18 anos, além de cerca de 150 beneficiários indiretos, como irmãos, familiares e atores envolvidos no processo de desacolhimento, com repasse de uma bolsa pedagógica mensal.

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O desenvolvimento de ações como o Projeto Minha Casa Meu Lugar, entre 2006 e 2008, que se tornou política pública, e a realização do Projeto Âncora - Família e Cidadania, entre 2016 e 2018, possibilitou que a Fundação Projeto Travessia pensasse no desenho do Projeto Caminhos para a Autonomia.
 

Durante a realização do Projeto Âncora - Família e Cidadania, notou-se que as crianças não apresentavam tanta demanda por acompanhamento por parte da equipe de educadores(as), tendo em vista o trabalho desenvolvido pelas Varas da Infância, já que o grupo tem mais chances de adoção nessa idade e, portanto, é acompanhado de forma mais próxima e com urgência.
 

Porém, o cenário com os(as) adolescentes era diferente, uma vez que já estavam em uma fase de encaminhamento para a saída do acolhimento.
 

A Fundação Travessia verificou, ao longo do Projeto Âncora, que os(as) adolescentes próximos(as) de completarem 18 anos enfrentavam momentos de insegurança e incertezas, necessitando de um maior suporte. Esse diagnóstico norteou o Projeto Caminhos para a Autonomia e ajudou no processo de planejar a nova iniciativa.

“Nesta fase, dos 15 aos 18 anos, vemos o
comportamento dos(as) adolescentes mudar. Há muita dificuldade em lidar com o marco da maioridade. Para eles(as), é como se fosse o chão abrindo, sempre uma projeção dessa cobrança para que sejam adultos, trabalhem e paguem contas. Ficou muito explícito para nós que se trata de uma fase de conflitos, de criar identidade, e vemos como isso traz muitos desafios aos Serviços.”

Gabriela Milaré, educadora do Projeto

 

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*Com o objetivo de aprofundar discussões e compartilhar as experiências do Projeto Caminhos para a Autonomia, serão apresentados, ao longo do texto, trechos de depoimentos dos(as) educadores(as) e da equipe gestora que participou da iniciativa. São eles(as): Almir da Silva Godoi, Camila Assis do Vale, Gabriela Milaré Camargo, Kátia Mercadante Catão Bastos, Rafael Duarte de Sousa e Tânia Maria Lima Silva. 

A VOZ DOS(AS) EDUCADORES(AS)*

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A adolescência está longe de ser uma fase tranquila. São muitas as mudanças físicas e psicológicas, internas e externas, que acabam trazendo grandes questionamentos e dúvidas. A esse contexto, já desafiador, soma-se o cenário dos(as) adolescentes em situação de acolhimento institucional.
 

Ao se aproximarem dos 18 anos e, portanto, chegarem à maioridade, os(as) adolescentes passam a não ser mais atendidos(as) pelos SAICAs e Casas Lares. Essa perspectiva de saída é permeada por incertezas, já que nem todos(as) os(as) acolhidos(as) têm a possibilidade de voltar para suas famílias.

A VOZ DOS(AS) EDUCADORES(AS)

 

Os Serviços de Acolhimento são apenas uma parte da política de acolhimento de crianças e adolescentes, ao passo que as políticas públicas também precisam observar e propor diretrizes para um desacolhimento seguro.

“Quando falamos sobre desacolhimento, há uma falta de políticas públicas. Quando os(as) adolescentes que estão muito tempo institucionalizados(as) e não têm rede de apoio completam 18 anos e devem sair do Serviço, quais são suas opções? Para onde vão? Percebemos que, quando alcançam a maioridade, uma gama de Serviços vai evaporando. Se ele(a) está no SAICA, pode ir para a República Jovem, onde tem outras regras, a cobrança de trabalhar e dar conta." 

Almir Godoi, educador do Projeto

“Acho que todos(as) acabam tendo uma sensação semelhante de ficar para trás, seja porque um irmão ou irmã já foi desacolhido(a) e voltou para a família, ou porque um amigo saiu. E o(a) jovem pensa ‘eu ainda estou aqui, vou ficar aqui até quando?’. O que significa, então, esse marco dos 18 anos? O que muda? Por que não sair antes? A angústia vem muito dessas questões."

Gabriela Milaré, educadora do Projeto

“Talvez o Caminhos para a Autonomia tenha vindo mostrar a falta de políticas públicas a partir dos 18 anos, porque até essa idade há muito acompanhamento, que pode não ser com tanta qualidade, mas existe. Mas e depois? Precisamos pensar em uma política efetiva. Que tipo de acolhimento pode ser dado a pessoas depois dos 18? As Repúblicas Jovens ainda têm falhas, são reduzidas e não acolhem mães com filhos, por exemplo." 

Rafael Duarte, educador do Projeto

 

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Há muitas dificuldades que vivenciamos para conquistar a nossa autonomia: falta de confiança dos adultos; falta de liberdade; não somos ouvidos(as); não podemos expor nossas opiniões; muitas regras a seguir; muita pressão; falta de dinheiro e de trabalho.

“É muita pressão o tempo todo e não é fácil viver assim. Toda hora eles falam: você precisa ir à escola, fazer curso, trabalhar.”

“É muita crítica o tempo todo. Não reconhecem as coisas boas que fazemos.”

“O adulto precisa confiar na gente. Confiar que vamos sair, mas vamos voltar. Confiar que vamos fazer o que foi pedido. Confiar que somos capazes.”

“Não temos liberdade nenhuma. Me sinto presa.”

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NOVAS ROTAS: A PANDEMIA DE COVID-19

Assim como inúmeras iniciativas, o Projeto Caminhos para a Autonomia precisou fazer adaptações em seu planejamento e cronograma em razão da pandemia de Covid-19.
 

Os altos índices de contaminação pelo vírus, na época, demandaram cuidados rigorosos em termos de saúde, o que acarretou a realização de atividades iniciais de maneira online. Apesar de desafios técnicos e da dificuldade de criar laços de forma virtual, mesmo entre os(as) profissionais do Projeto, que ainda não se conheciam, a experiência rendeu aprendizados, como a compreensão de que é possível realizar as atividades de forma híbrida, ou seja, presencial e online, conforme a necessidade.


Curta-metragem, nuvem de palavras e trabalho com avatares e caricaturas foram algumas das estratégias utilizadas nos primeiros encontros online com os(as) adolescentes. Entretanto, devido à falta de privacidade enfrentada para fazer os atendimentos nos Serviços de Acolhimento, a equipe avaliou a necessidade de iniciar as atividades presenciais no início de 2022. Além disso, a iniciativa do uso do aplicativo WhatsApp por parte da equipe do Projeto com os(as) adolescentes facilitou os contatos de atendimentos.

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A CHEGADA DOS(AS) ADOLESCENTES

Neste momento, foi solicitado aos SAICAs que enviassem à Fundação os relatórios dos(as) adolescentes que fariam parte do Projeto. No entanto, não foi alcançado o número suficiente para completar as 30 vagas. Então, a Fundação convidou as Casas Lares dos territórios de abrangência do Projeto a compor as vagas restantes.
 

Depois dessa etapa inicial, houve o levantamento dos processos com as Varas da Infância e da Juventude, com eventual atualização dos relatórios analíticos e propositivos. A partir do momento que as parcerias com os Serviços de Acolhimento foram firmadas, tiveram início as reuniões, para desenvolver os chamados “estudos de caso”.
 

Em conjunto com os(as) técnicos(as) dos acolhimentos institucionais, que tinham maior conhecimento sobre a trajetória individual de cada adolescente, a equipe do Projeto construiu um planejamento para sinalizar estratégias a serem utilizadas durante o período de acompanhamento, bem como os pontos que deveriam ser priorizados. O objetivo foi destrinchar o processo de desacolhimento institucional para cada caso, estudando todas as possibilidades de encaminhamento dos(as) adolescentes a partir da saída dos Serviços.

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O nome escolhido para a iniciativa - Caminhos para a Autonomia - diz muito sobre sua intencionalidade de promover ações de apoio e orientação a adolescentes, entre 15 e 18 anos, em acolhimento institucional, visando o preparo para a autonomia.

“Usamos Caminhos para a Autonomia, no plural, por entender que não existe um caminho só. Para os(as) adolescentes que estão se desenvolvendo em um Serviço, como conseguem ser eles(as) mesmos(as), ter a sua própria individualidade, seu jeito, suas escolhas e desejos, e não ser comparados uns(umas) aos outros(as)? Isso acontece até pela régua do Judiciário. Nos grupos e nos atendimentos individuais, vimos como as atividades do Projeto foram dando mais espaço para esse individual. Isso é muito rico e, muitas vezes, a institucionalização tira.”

Gabriela Milaré, educadora do Projeto

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Os(as) educadores(as) reforçam que adolescentes em situação de
acolhimento institucional enfrentam múltiplos desafios particulares
dessa condição, mas também tantos outros que são comuns na fase da adolescência, mesmo entre aqueles(as) que não vivem em Serviços de Acolhimento.


Inúmeras demandas foram trazidas pelos(as) adolescentes, que permitiram aos(às) educadores(as) trabalharem amplamente a noção de autonomia, que para além do “mundo do trabalho”, dizem respeito à questões de confiança e de sobrevivência.
 

Nesse sentido, foi importante garantir que tivessem assegurado seu direito à autonomia de fazer escolhas, aprender, testar, incentivar seus acertos e possibilitar, também, o lugar do erro, para que, caso fosse necessário, pudessem voltar atrás e começar de novo.

“São muitos desafios. Teve um caso em que uma adolescente tinha acabado de descobrir quem era o pai biológico, quando a vida inteira tinha achado que era outra pessoa. Acho que entramos muito em um lugar de escuta, de incentivar e falar que acreditamos neles e nelas. Uma outra menina comentou que gostava de pautas políticas, então a encorajamos a buscar o grêmio escolar de sua escola.”

Gabriela Milaré, educadora do Projeto

“Prezamos muito por ter esse vínculo de confiança para que o(a)
adolescente tivesse um espaço de escuta. Não íamos com uma
resposta pronta, mas colocávamos algumas interrogações para
tentar ajudar a refletir e a terem esse olhar mais crítico.”

Almir Godoi, educador do Projeto

"No espaço do Projeto, muitas vezes, conseguimos refletir como o racismo atua, algo que, em muitos casos, perpassa toda a trajetória desses(as) adolescentes, em sua maioria pretos(as). A questão de gênero também é muito forte com esse público. Tem as mães adolescentes que, às vezes, vivem jornadas triplas de estudar, fazer curso ou trabalhar e ser mãe. Onde fica a sua adolescência? O(a) adolescente fica cheio(a) de deveres e não consegue estar em outros espaços como no Projeto.”

Rafael Duarte, educador do Projeto

A VOZ DOS(AS) EDUCADORES(AS)

O Projeto teve um olhar sensível para o leque de desafios enfrentados pelos(as) adolescentes, que dizia respeito não apenas ao fato de estarem em um Serviço de Acolhimento Institucional, mas também sobre questões comuns à fase da adolescência.

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Ao ocupar, portanto, esse lugar de mostrar os caminhos possíveis e incentivar que os(as) adolescentes refletissem sobre suas escolhas, os(as) educadores(as) buscaram reforçar a autonomia, que apareceu em diversas situações de tomada de decisão por parte dos(as) adolescentes, desde a escolha por usar a bolsa pedagógica para comprar um celular, por exemplo, até em momentos de definição de futuro, quando optam por morar com uma família de sua comunidade, ir para a República Jovem ou seguir outro caminho de forma independente.

E sabem quais são os possíveis caminhos para que possamos adquirir nossa autonomia? Lá vai: 

  • Ser responsável 

  • Ter compromisso

  • Estudar

  • Fazer cursos extras

  • Trabalhar

  • Aprender a se locomover pela cidade

  • Aprender a administrar o próprio dinheiro

  • Saber viver em sociedade

  • Ter a confiança dos adultos

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As bolsas pedagógicas para os(as) adolescentes atendidos(as) foram depositadas mensalmente direto na conta individual de cada um(a) no valor de R$385,00.

“Nossa intenção com a bolsa era que os(as) adolescentes pensassem sobre o uso responsável dos recursos, já que precisam ter minimamente um contato com dinheiro físico aos 18 anos para pagar contas, aluguel e ir ao mercado, por exemplo. Ajudamos a refletir: será que a bolsa é mesmo para pedir comida por aplicativo todo dia? Foi mais uma ferramenta de educação financeira.”

 

Tânia Lima, gerente do Projeto

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Ao longo do Projeto, a equipe procurou sempre mostrar a responsabilidade em utilizar a bolsa pedagógica no sentido de colaborar na autonomia dos(as) adolescentes.

"Foi importante participar desse Projeto porque ajudou não só financeiramente, mas também a ter mais responsabilidade em administrar o dinheiro."

 

"Aprendi a saber como economizar."

 

"Me ajudou a pensar sobre a vida em relação ao dinheiro, pessoas e até aos meus medos."

 

"Antes de os educadores irem lá em casa, eu não sabia como gastar o dinheiro e como administrar."

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Considerando que o Projeto Caminhos para a Autonomia se orientou pelo conceito de horizontalidade, foi priorizado, durante sua execução, que as atividades fossem desenvolvidas junto com os(as) adolescentes, que contribuíram sugerindo temas e pautas para os debates.
 

A realização de atividades lúdico-pedagógicas mensais se deu em
grupo, bem como individualmente, para preparar os(as) adolescentes gradualmente para retorno e permanência no convívio familiar e comunitário ou emancipação. As propostas também foram desenvolvidas pensando na promoção de uma saída com mais qualidade dos Serviços de Acolhimento, diminuindo a angústia e a insegurança crescentes dos(as) adolescentes com a aproximação da maioridade e, consequente, desligamento dos Serviços.

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A VOZ DOS(AS) EDUCADORES(AS)

Um dos princípios do Projeto Caminhos para a Autonomia era promover um processo de “desacolhimento com segurança e enraizado nos fundamentos de cidadania plena”, que guiou a elaboração de todas as práticas.

 

“Para nós, interessa muito a parte da cidadania plena, que, enquanto equipe, tentamos desenvolver para além do mundo do trabalho. Focamos muito em fazer exercícios diferentes, como uma caminhada pela cidade, abordando questões como a mobilidade pelo metrô e ônibus, a ida até um espaço cultural que eles(as) não sabiam que podiam acessar, além de conversas sobre a história pessoal, para que percebessem que outras pessoas passam pelas mesmas coisas.”

Gabriela Milaré, educadora do Projeto

“Enquanto os Serviços de Acolhimento estão atrelados às estruturas e políticas de forma mais rígida, nós conseguimos mais margem no sentido de provocar e mostrar que existe um lugar diferente e um horizonte possível. A cidadania plena é uma construção diária e um processo contínuo, já que os valores vão mudando e precisamos nos atualizar.”

Rafael Duarte, educador do Projeto

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OS ATENDIMENTOS INDIVIDUAIS

Cada adolescente participante do Projeto teve um(a) educador(a) de referência para acompanhar de perto sua trajetória e conhecer seu perfil e sua história com mais profundidade. Esse modelo de atuação facilitou a chamada personalização, isto é, que os(as) adolescentes pudessem criar vínculos e laços de confiança entre educador(a)-educando(a), e, assim, ter referências ao longo do Projeto.

"Tem também a questão de o(a) adolescente ter a autonomia e se entender como sujeito dentro da cidade, de saber usar o transporte público, entender em qual ponto desce, que caminho usa e conhecer, não só o território onde mora, mas também outras regiões pela cidade, entendendo que ele(a) pode circular e não precisa de ninguém para fazer isso.”

Tânia Lima, gerente do Projeto

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A VOZ DOS(AS) EDUCADORES(AS)

Os momentos de encontros individuais com os(as) participantes do Projeto foram potentes para que os(as) adolescentes se sentissem à vontade para expor questões de suas vidas, ao passo que os(as) educadores(as) provocaram reflexões, unindo o lúdico, o lazer, o cultural e as orientações.

 

"Os primeiros atendimentos fizemos nos SAICAs, porque ficamos receosos em sair com o(a) adolescente. Depois, tentamos combinar em uma praça, uma biblioteca ou algum lugar em que ele(a) tivesse interesse. Essas saídas mais pontuais eram elaboradas a partir do que traziam sobre o que gostavam ou não. Às vezes falavam: ‘quero conhecer o bairro da Liberdade, ou a rua 25 de março’.”

Almir Godoi, educador do Projeto

Os(as) adolescentes se mostraram disponíveis para conversar com os(as) educadores(as) durante os encontros, trazendo questões sobre relacionamentos afetivos e familiares, vivências cotidianas nos SAICAs, acesso e rotina em cursos profissionalizantes e, também, de decisões sobre a vida em geral. A posição dos(as) educadores(as) foi sempre de escuta, ajudando os(as) adolescentes a entenderem seus contextos e realidades e colaborando para que eles(as) refletissem sobre suas decisões.

Como nos sentimos participando do Projeto:

 

“No Travessia, temos a oportunidade de falar. E os educadores não ficam apontando coisas ruins. Eles estão dispostos a nos ouvir.”

 

“Aqui temos a oportunidade de conhecer lugares na cidade. Nos outros dias, é só ir para a escola e voltar para casa. E, nos fins de semana, ficar em casa.”

 

“Conhecer novas pessoas fez muita importância na minha vida.”

 

“Eu aprendi a ir a lugares novos e perdi um pouquinho do meu medo!”

 

“É uma ótima experiência. Aprendi várias coisas, conheci muitos lugares e pessoas!”

 

“Consegui fazer amigos.”


“É legal ficar em um ambiente em que as pessoas te entendam."

 

"Tudo é muito bom aqui. Temos espaço de fala, não somos julgados por sermos nós mesmos."

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AS OFICINAS E PROPOSTAS EM GRUPO

 

O Projeto desenvolveu oficinas de orientação para escolhas de formação técnica e universitária, bem como a preparação para o mundo do trabalho. Por isso, foram realizados encontros com discussões sobre o que os(as) adolescentes entendiam do assunto, quais as principais dúvidas e inquietações, o que gostariam de seguir como profissão, além de visitas externas, como ao Instituto Brasileiro de Educação e Trabalho (ISBET). Na ocasião, os(as) adolescentes conheceram o programa Jovem Aprendiz e as oportunidades de estágio oferecidas pela instituição para inserção no mercado de trabalho.

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Entretanto, considerando a importância de preparar os(as) adolescentes de forma integral e não apenas no viés relacionado ao emprego, o Projeto também apostou em diversas outras atividades a partir de temas que os(as) educadores(as) julgaram pertinentes e de interesse entre os(as) adolescentes.


Um aspecto importante do Projeto foi potencializar os encontros dos(as) adolescentes nos grupos, onde foram trabalhadas vivências e trocas a respeito de questões identitárias, patriarcado, relação de gênero e, também, aspectos referentes ao racismo e às desigualdades sociais.

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Outra estratégia utilizada pelo Projeto foi pensar sobre a mobilidade urbana com a intenção de os(as) adolescentes circularem pela cidade numa perspectiva de desenvolver a autonomia. Assim, foram realizadas várias saídas em atividades
externas individuais e em grupo, como a vivência “Que cidade é essa?”, na qual percorreram o centro histórico da cidade de São
Paulo, visitando alguns espaços como Vale do Anhangabaú, Teatro Municipal, Galeria do Rock, Sesc 24 de maio, entre outros.

 

A proposta desta atividade, assim como das demais ações em grupo, foi refletir sobre a importância de ocupar os espaços da cidade e, também, ter um olhar crítico diante da contraditoriedade do município, com seus aspectos de riqueza e modernismos em contraste com a vulnerabilidade, a situação da população de rua e a mobilidade urbana, questão esta pensada desde o trajeto para as atividades, como o “locomover-se” e o “estar nas ruas.”

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“Os grupos foram dando, ao longo da realização do Caminhos, um contorno de identificação dos(as) adolescentes com o Projeto bem maior do que esperávamos e, para além dos atendimentos
individuais, se tornaram o momento de maior interatividade e troca tanto entre pares quanto entre os(as) adolescentes e os(as) educadores(as).”

Camila Vale, educadora do Projeto

 

“... E desnaturalizar coisas que estão postas como muito óbvias, principalmente violências. Sempre que lembro desse relato eu me emociono. Uma adolescente que fazia parte do Projeto há pouco tempo comentou que aceitava qualquer coisa em um relacionamento, pois achava que tinha que agradar. Com isso, entrava em relações tóxicas. Depois da oficina sobre patriarcado, ela disse que conseguiu enxergar o mundo de forma diferente e percebeu certas coisas que não vai aceitar mais.”

Gabriela Milaré, educadora do Projeto

 

“Nas saídas por São Paulo, pudemos explorar e problematizar com eles(as), por exemplo, como esse cenário de riqueza e pobreza está tão presente.”

Almir Godoi, educador do Projeto

A VOZ DOS(AS) EDUCADORES(AS)

Pensadas inicialmente em menor número, as atividades coletivas foram ganhando mais participação e demanda entre os(as) adolescentes e, por isso, passaram a acontecer mensalmente.

Foram muitas atividades ao longo dos meses. O que nós curtimos mais:

  • Caminhada pelo centro de São Paulo

  • Roda de conversa sobre desafios e caminhos para a autonomia

  • Atividade de fotografia

  • Futebol de sabão

  • Festa de confraternização

  • Todas as atividades

  • Histórias para quem dormir

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E por que gostamos dessas atividades?

Conhecemos novos lugares, pudemos expor nossas opiniões

 Tivemos a oportunidade de ouvir os colegas

Aprendemos novas coisas

Falamos sobre nossos medos e desafios comuns

DIAS MARCANTES  

 

“A atividade individual em que fomos ao Zoológico!”
 

“O momento que o Almir e o Rafael foram na nossa casa e ensinaram a como administrar o meu dinheiro.”

“Gostei da Galeria do Rock. É um lugar histórico e bonito!”


“A roda de conversa. Gostei muito de poder falar sobre os SAICAs.”


“Meu primeiro dia. Fui recebida com muito amor e simpatia.”


“Lembro da festa. Foi muito legal. Brinquei e me diverti bastante!”


“Este momento de hoje [roda de conversa] foi importante, pois muitas pessoas se identificaram comigo na hora de contar um pouco dos abrigos.”

“A atividade de fotografia foi mais marcante, porque é algo que gosto muito.”

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RELACIONAMENTO COM PARCEIROS

 

Outra questão bem interessante no Projeto foi como a equipe, tendo aprendido em trabalhos anteriores, se articulou para adentrar nos Serviços de Acolhimento. Dessa vez, o cuidado em apresentar o Projeto a ser desenvolvido e combinar os limites de cada profissional envolvido no processo dos(as) educandos(as) foi mais exitoso.
 

Os acompanhamentos de cada caso sempre foram realizados pela  equipe, levando-se em consideração as agendas dos(as) adolescentes, bem como as das equipes técnicas dos Serviços para pensar as atividades.

 

A relação entre o Projeto Caminhos, os SAICAs e as Casas Lares foi importante também para que os(as) educadores(as) pudessem relatar e trazer elementos aos Serviços sobre questões percebidas durante os atendimentos com os(as) adolescentes.

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“Notamos que alguns(as) adolescentes apresentavam certas dificuldades no aprendizado. Acredito que isso acontecia muito por conta da própria condição que a instituição escolar o(a) colocava, em um lugar que não é acolhedor, que cobra e coloca condições e
pressão sobre os(as) adolescentes.”

Tânia Lima, gerente do Projeto

Tendo em vista a parceria estabelecida com os Serviços de Acolhimento, um dos escopos do Projeto Caminhos para a Autonomia foi a capacitação de ambas as equipes, assim como de toda a rede parceira, para que, de forma conjunta, pudessem se preparar para o trabalho de desacolhimento, superando as dificuldades das conjunturas que surgiram.


Durante o Projeto, foram realizadas formações, com temas relevantes sobre as especificidades da adolescência dentro do Serviço de Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes. Os assuntos discutidos nos encontros foram: “Serviços de Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes (SAICAs)”; “Adolescência vivida versus adolescência sofrida”; “As especificidades do trabalho com adolescentes nos SAICAS e Casas Lares”; “Adolescência no contemporâneo, questões acerca da autonomia, medicalização e precariedade”.

 

O contato ao longo do Projeto também mostrou que, apesar de pertencerem a uma política pública que conta com normas e diretrizes técnicas, há grandes diferenças de funcionamento entre os Serviços de Acolhimento, que variam, principalmente, a depender das equipes presentes em cada SAICA local.

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“Os SAICAs têm inúmeros desafios inerentes ao Serviço acontecendo todos os dias. Quando fizemos os encontros, por ter esse trabalho mais individualizado, conseguimos perceber questões importantes dos(as) adolescentes. Entendemos que as demandas do Serviço de Acolhimento são muito grandes, mas, com a gente, foi um lugar no qual não havia tanta pressão, e eles(as) puderam ir se descobrindo.”

Rafael Duarte, educador do Projeto

A VOZ DOS(AS) EDUCADORES(AS)

Apesar de o foco do Projeto ser o relacionamento e o preparo com os(as) adolescentes atendidos(as), o contato e a articulação com os SAICAs e as Casas Lares foram fundamentais para potencializar o trabalho, com cada instituição atuando dentro de suas possibilidades.

 

"Foi interessante notar, através das falas dos(as) educadores(as) sociais que leram os relatórios enviados pelos SAICAs antes de conhecer os(as) meninos(as) que seriam atendidos(as) pelo Projeto, que os mesmos tiveram algumas impressões que não se confirmaram quando finalmente conheceram os(as) adolescentes… Foi interessante perceber a importância das suas vivências.”

Kátia Bastos, gestão de pessoas do Projeto

 

“Costumamos dizer que ocupamos um lugar diferente, privilegiado, porque não estávamos junto com eles(as) todos os dias, quando o(a) adolescente está mal humorado(a) ao acordar, por exemplo. Estávamos em um lugar de encontro. Ficamos com esse espaço para que ele ou ela se sentisse à vontade e pertencente e participasse da proposta.”

Almir Godoi, educador do Projeto

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APRENDIZADOS E RESULTADOS

 

Um dos grandes desafios do Projeto Caminhos para a Autonomia foi trabalhar questões tão complexas em um espaço de tempo relativamente curto. Sem dúvida, o acesso às famílias representou um grande desafio para toda a equipe. Cerca de 45% dos(as) adolescentes estavam com destituição de seu poder familiar, o que dificultou e/ou inviabilizou o trabalho a ser realizado com as famílias e responsáveis, bem como a aproximação da equipe do Projeto das mesmas.


Além disso, parte dos(as) adolescentes, mesmo mantendo algum tipo de contato com suas famílias, entendiam que as mesmas não teriam condições de recebê-los(as) de forma segura e saudável e viam naquele momento a sua “permanência no Serviço de Acolhimento Institucional” como a melhor opção.


A Fundação Projeto Travessia sabe da importância do trabalho a ser realizado junto às famílias para que os(as) adolescentes tenham sua reinserção integral e plena, assim como respeitar o desejo dos(as) educandos(as) atendidos(as) pelo Projeto Caminhos para a Autonomia. Desta forma, os casos que não foram projetados para o retorno familiar e comunitário, foram trabalhados para que os(as) adolescentes alcançassem uma vida autônoma após a saída dos Serviços de Acolhimentos.


Ao final desses 24 meses da iniciativa e muitas reflexões, os(as) educadores(as) sociais apontaram as principais fortalezas, potências e acertos, bem como experiências e aprendizados acumulados na vivência tanto com os(as) adolescentes participantes, como na articulação com os SAICAs e as Casas Lares, no trabalho em equipe, na importância de saber ouvir e fazer concessões, e procurar a melhor forma de orientar os(as) adolescentes.

“Acredito que os(as) adolescentes que participaram do Projeto, muitos(as) com histórico de rejeição e abandono, puderam perceber o quanto eles(as) são importantes para outras pessoas e o quanto estivemos, ao longo do processo, preocupados(as) em oferecer a eles(as) ferramentas para seguirem seus caminhos de forma mais leve e empoderada. Creio que, através de nossas atividades, muitos(as) perceberam suas potencialidades e que acreditamos que são capazes de conquistar o que quiserem.”

 

 

 

 

 

Camila Vale, educadora do Projeto

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  • 43 adolescentes atendidos(as) diretamente

  • 62 atividades externas realizadas com os(as) adolescentes

  • 214 atendimentos individuais realizados com os(as) adolescentes (presencial e/ou online)

  • 716 contatos com os(as) adolescentes (WhatsApp e/
    ou telefone)

  • 106 estudos de casos (presencial e/ou online)

  • 1.592 contatos com os SAICAs e Casas Lares (WhatsApp, telefone e/ou e-mail)

  • 12 Grupos com Adolescentes - média de 15 adolescentes por grupo

  • 04 Oficinas Mundo do Trabalho - média de 15 adolescentes por grupo

  • 03 Formações entre a equipe do Projeto Caminhos e a Rede parceira - média de 20 profissionais por formação

  • 05 Formações internas para equipe do Projeto Caminhos para a Autonomia

  • 101 Reuniões da equipe Projeto Caminhos para a Autonomia

APRENDIZADOS

 

Assertividade em trabalhar com adolescentes nessa faixa etária 

 

O Projeto se mostrou relevante para a vida dos(as) adolescentes em processo de desacolhimento, que necessitam de um olhar mais cuidadoso com a chegada da maioridade. O suporte para esses(as) adolescentes que, muitas vezes, não têm rede de apoio nem uma perspectiva de retorno familiar, é fundamental para que essa travessia não se torne ainda mais complexa.

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Limites, potências e a contribuição do Projeto

 

Diante do desafio da falta de tempo hábil para realizar muitas propostas individuais e coletivas, os(as) educadores(as) sociais passaram a compreender melhor a real contribuição do Projeto para a vida dos(as) adolescentes. A ideia da iniciativa passou a centrar-se no lugar de promover reflexões e discutir questões sobre as quais os(as) adolescentes não tinham se atentado anteriormente, sem necessariamente ter um encaminhamento ou uma cobrança por um posicionamento.

 

Reordenamento dos(as) adolescentes e expansão para além das cinco regiões

 

Os(as) adolescentes podem ser transferidos(as) entre SAICAs e Casas Lares por diversos motivos, como situação de risco no território e conflitos ou, ainda, desrespeito às regras dentro dos Serviços. Tal reordenamento pode levar à fragilização de vínculos afetivos, territoriais e escolares, assim como ao não pertencimento, que os(as) coloca ainda em maior vulnerabilidade. 

O Projeto teve que lidar com algumas situações como essas e, assim, se organizou para garantir que os(as) adolescentes pudessem continuar sendo atendidos(as) em outras regiões não previstas no escopo inicial, incluindo outro estado. Essa vivência demonstrou à equipe a urgência e necessidade das mudanças de rota para garantir o atendimento a todos(as) sempre.

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O começo do caminho 

 

Ao dar início às atividades, a equipe criou alguns critérios para nortear a inclusão dos(as) adolescentes, optando também por educandos(as) a partir dos 17 anos e seis meses. No entanto, já no primeiro momento, por ocasião de abertura das contas bancárias para recebimento das bolsas pedagógicas, foi necessário esperar cerca de quatro meses para sua conclusão e, em alguns casos, os(as) educandos(as), até, já tinham deixado o Serviço.


Após cerca de um ano de desenvolvimento do Projeto, a equipe notou que os resultados foram mais exitosos após um período mínimo de participação do(a) educando(a). Sendo assim, conforme abriram novas vagas, já que eram contínuas, foram priorizados os casos que pudessem respeitar esse período. Dessa forma, na segunda metade do Projeto, a iniciativa contou com a participação dos(as) adolescentes de até 17 anos recém-completos.

 

Importância de um lugar livre, de escuta e de respeito

 

Os(as) educadores(as) sociais também notaram o quanto são fundamentais espaços onde os(as) adolescentes possam ser vistos(as) e ouvidos(as), com a segurança de que não serão julgados(as), cobrados(as) ou, até mesmo, punidos(as) por suas falas e opiniões. Assim, o Projeto buscou ser um espaço no qual os(as) educandos(as) pudessem vivenciar sua adolescência, uma etapa fundamental da transição para a vida adulta, possibilitando que experimentassem descobrir quem são.

 

O olhar aos(às) adolescentes LGBTQIA+ institucionalizados(as) 

O Projeto teve vivência com adolescentes LGBTQIA+, o que reforçou aos(as) educadores(as) a importância de pensar nesse público dentro dos Serviços de Acolhimento Institucional. A equipe aponta que os(as) adolescentes souberam resolver eventuais conflitos em razão de questões de gênero, além de notar que, os acolhimentos proveram encaminhamento aos Serviços competentes para que esses(as) adolescentes pudessem ser acompanhados(as) da forma correta. Entretanto, se fazem necessárias mais formações, debates e reflexões sobre os melhores caminhos para abordar o tema.

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RESULTADOS E DIFERENCIAIS

 

 

Desenvolvimento da proatividade e protagonismo 

Ao longo do desenvolvimento do Projeto, alguns(as) adolescentes passaram a assumir um lugar de mais protagonismo e proatividade na articulação com as equipes dos SAICAs e das Casas Lares. Se, antes, muitos(as) pediam que os(as) educadores(as) do Projeto Caminhos intermediassem pedidos aos(às) profissionais dos Serviços de Acolhimento, com o passar do tempo, os(as) próprios(as) adolescentes passaram a fazer esses diálogos.

A bolsa pedagógica enquanto fator de vivência e de consciência financeira

 

Grande parte dos(as) adolescentes do Projeto não havia tido ainda experiência de trabalho que lhes possibilitasse ter renda. Assim, o primeiro contato com algum tipo de ganho financeiro foi bastante relevante para os(as) educandos(as). O repasse mensal da bolsa pedagógica foi algo que permitiu aos(às) adolescentes vivenciar experiências do mundo adulto e ter maior consciência financeira. Essa vivência com o dinheiro foi significativa para suas vidas no que tange almejar e projetar sonhos, como exemplo a compra de um celular ou pensar em pagar seu aluguel. Isso mostra o quanto é possível trabalhar a autonomia diante das suas fragilidades e medos ao completar a maioridade. Os equívocos com o dinheiro também serviram como aprendizado para os(as) adolescentes.

 

Políticas públicas consistentes para adolescentes em processo de desacolhimento institucional 

 

Uma das diretrizes do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC) é o investimento em políticas públicas de atenção à família, em um movimento de promover a manutenção dos vínculos familiares e comunitários com crianças e adolescentes e, com isso, romper com a cultura de institucionalização.
 

Nesse sentido, além de refletir sobre possíveis estratégias para evitar que crianças e adolescentes sejam institucionalizados(as) e separados(as) dos cuidados parentais, é fundamental buscar alternativas para que Serviços de Acolhimento por todo o país possam, de fato, atuar baseados fundamentalmente no melhor interesse dos(as) acolhidos(as).


Ao longo do Projeto, foram atendidos também casos de adolescentes gestantes que, ao completarem 18 anos, foram desligadas dos Serviços e tiveram que deixar seus(as) filhos(as) nos
acolhimentos. Isso mostrou o quanto é fundamental a existência de políticas públicas que acolham mães e filhos(as) e não promovam este afastamento.


Além disso, os(as) educadores(as) avaliam que faltam políticas públicas que destinem atenção adequada aos(às) jovens recém-saídos(as) de Serviços de Acolhimento, permitindo que sejam melhor acompanhados(as) e tenham sua adaptação aos novos Serviços (Repúblicas Jovens) facilitada.
 

Diante do que foi apontado anteriormente, o Projeto ressalta a necessidade de oferta de outras opções de desacolhimento, para além de uma nova institucionalização, e que essas caminhem para a garantia integral dos direitos desta população.

O que aprendemos e vamos levar para a vida:

  • Ter autonomia

  • Saber se expressar melhor

  • Se locomover mais facilmente pela cidade

  • Mais conhecimentos sobre o futuro

  • Saber como administrar o dinheiro

  • Trabalhar em equipe

  • Saber ouvir e respeitar as opiniões

  • Olhar o mundo de outra forma

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“Ah, o que eu aprendi? Autonomia, respeito, humildade e principalmente amor!”
adolescente participante do Projeto Caminhos para a Autonomia

“O Projeto me trouxe sabedoria e muita experiência. Foi a melhor coisa que aconteceu em toda a minha vida!"
adolescente participante do Projeto Caminhos para a Autonomia

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